quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A SAÍDA ESTÁ NOS MOVIMENTOS SOCIAIS


No Brasil de hoje, se respira um ar de democracia como regime político, no entanto, devemos reconhecer que entre o nosso povo ainda impera uma cultura antidemocrática que vem desde aqueles que ocupam o andar de cima respingando para as camadas inferiores.
Esse é o grande desafio para as organizações e movimentos populares sociais, enfrentar esta cultura enraizada no seio da maioria da população, de forma que possam ser combatidas e vencidas em todas as suas etapas buscando obter uma organização mínima em que possam ser ampliadas significativamente as liberdades democráticas e suas conquistas.
Porém, para que alcancemos e ampliemos as liberdades democráticas é importante a participação e o envolvimento da população, cujos resultados só serão possíveis de ser alcançados através da pressão popular, dos sindicatos, agremiações, organizações e movimentos sociais.
Sabemos existir em nosso País diversas organizações voltadas para a defesa dos interesses de determinados segmentos, tais como o MST, o Movimento dos Sem Teto, Associações de bairros, sindicatos, etc., que diante de suas mobilizações aos longos dos anos de existência, têm conquistado um importante espaço político.
O grande desafio imposto a esses segmentos será como superar estes poucos momentos de sucesso, transformando-o em atos e movimentos sociais de longo alcance e duradouro.
Vejamos os exemplos de nossos sindicatos e associações de classe que de combativos e atuantes foram facilmente domesticados e cooptados, apenas por está no Poder alguém que surgiu destes movimentos.
Está na hora dos sindicatos e agremiações superarem este estágio de cooptação e atrelamento ao Estado, e voltarem suas ações em defesa não só da categoria que representa, mas também sair em defesa dos interesses da Nação. É chegado o momento dos sindicalistas e as pessoas deixarem de creditar e acreditar que toda e qualquer ação de modificação da estrutura social é de responsabilidade unicamente de determinadas personalidades a cada período eleitoral.
Está na hora de todos os movimentos se unirem e amadurecerem e independente de quem está no Poder, acabar com este culto a personalidade, forma utilizada pelo mercado para cooptar os movimentos, e independente se é governo de “esquerda” ou de “direita”, eliminar esta conveniência, paciência ou até mesmo paralisia e ou letargia, abrirem os olhos e retomar as mobilizações, pois independente de quem assume o Poder, fará um governo que em seu conteúdo pouco ou nada irá diferir do anterior, pois no fundamental tem como objetivo perpetuar as políticas sócio-econômicas neoliberais ditadas pelo grande capital.
Ou será que no Governo Lula tem sido diferente?
É necessário que os nossos movimentos sociais, cooptados ou não, façam uma autocrítica, não se utilizando dos velhos chavões de direita e esquerda, mas, uma reavaliação das políticas e movimentos de lutas estabelecidos, aprofundando a análise diante do atual modelo de acumulação capitalista neoliberal, que tem sido um retumbante fracasso nas esperanças por mudanças sociais significativas.
Mas para que esta avaliação possa ocorrer, só terá significativo valor, legitimidade e credibilidade, se os nossos movimentos sociais obtiverem autonomia plena, abandonar os carpetes luxuosos dos palácios governamentais e ou empresariais para os quais foram cooptados, transformando suas ações em permanentes mobilizações sociais em prol da comunidade e em defesa de seus direitos, praticando uma política de participação e apoio popular, e que apresentem experiências que apontem para novas práticas sociais que sejam antagônicas ao atual modelo neoliberal.
Portanto, as experiências de assentamentos e uma nova agricultura camponesa, com ênfase na agricultura familiar, conforme defende e pratica o MST, se contrapondo a agroindústria e suas ações contra o meio ambiente, são exemplos que podem manter acesa a chama da esperança de derrotar o medo de um mundo desumanizado que o capitalismo nos tem imposto.
Devemos reconhecer que esta esperança as camadas sociais no Brasil respiraram com a eleição de Lula, que acendeu a chama de ser criada outra via de desenvolvimento político, econômico e social para o nosso povo.
Infelizmente, na prática o Governo Lula não correspondeu às expectativas e esperanças nele depositadas, pois continuamos a viver sob a ditadura do capital neoliberal, apesar das armações, armadilhas e truques estatísticos estabelecidos pelos intelectuais e burocratas de plantão do governo para tentar nos convencer que a situação de miséria é hoje menos ruim do que antes.
Chegaram ao extremo de estabelecer que quem ganha salário mínimo em nosso País, faz parte da classe média. Isto só ocorre no Brasil. Em País nenhum, a pessoa que ganha o salário mínimo, é considerado de classe média. Pois como o seu próprio nome diz, deveria ser o mínimo para que a pessoa consiga sobreviver. E o nosso mínimo nem a isto atende, pois segundo o DIEESE ele deveria hoje está na casa de R$ 1.900,00. Será que pouco mais de R$ 500,00 reais inclui quem o recebe na classe média?
Portanto, é importante que todos estejam conscientes, que as lutas a serem travadas pelos movimentos sociais, devem perder sua vinculação em relação ao governo, e independentemente de quem está no Poder, elas devem ser desenvolvidas com ou sem a participação deste, pois o objetivo é a busca da construção de outra relação social, amadurecida, sobretudo no que se refere às conquistas sociais, estabelecer uma consciência política, traçar estratégias e táticas que de forma que possa atrair e congregar todos os setores e camadas populacionais, principalmente os excluídos pela sociedade capitalista, para que organizados possamos obter significativos avanços no processo de democratização, e que consigamos sair desta ditadura neoliberal.

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